O debate sobre políticas públicas de juventude no Brasil avançou em pouco tempo. Mas ainda há muito por fazer. Este blog tem como objetivo resgatar parte desse acúmulo histórico e discutir as políticas públicas para a juventude.

Pra começo de conversa...levante sua bandeira!!!

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quarta-feira, 28 de maio de 2008

Os desafios da Juventude brasileira



Atualmente, uma parcela significativa dos 50,5 milhões de jovens brasileiros vive situações graves de exclusão social.

Por outro lado, a grande maioria dos jovens continua otimista em relação ao seu futuro e confiante no seu potencial.


Estamos diante de um quadro complexo, em que os problemas andam junto com as possibilidades, e podemos identificar alguns desafios , entre muitos outros, que devem ser superados para que os direitos dos jovens sejam plenamente garantidos no Brasil: Educação e Trabalho; Cultura; Tecnologias da Informação; Direito à Cidade; Lazer e Esporte; Tempo Livre; Meio Ambiente; Saúde; Direito à segurançae Valorização da Diversidade.


É sobre cada um destes desafios que vamos falar nas próximas postagens.


Autor: Aline Meirinho

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Porquê falar sobre juventude?

No Brasil, a juventude tem ganhado espaço na mídia, nas pesquisas acadêmicas e nos debates públicos principalmente nos últimos 15 anos. Uma das razões para essa recente visibilidade é que atualmente, segundo o IBGE, cerca de 50,5 milhões de brasileiros, um quarto da população do país, têm entre 15 e 29 anos. Esse grupo etário nunca foi (e nem será, desde que se mantenham as tendências demográficas) tão numeroso, em termos absolutos, como é hoje.
Essa "onda jovem" tem gerado, ao mesmo tempo, preocupação e esperança. A preocupação é porque o Estado não se preparou para receber adequadamente esse enorme contingente de jovens. A oferta de bens e serviços públicos é insuficiente para atender toda a demanda. O Ensino Médio ou o mercado de trabalho, por exemplo, ainda estão longe de atender a todos. Soma-se a isso o baixo conhecimento do poder público sobre a realidade juvenil, o que em muitos casos provoca um desencontro entre as demandas dos jovens e as políticas públicas.
Além disso, a família passa por transformações profundas. Por exemplo, jovens que assumem a chefia da casa, irmãos e irmãs que se incorporam à prole vinda de outros casamentos estão modificando as relações de convivência doméstica e parentesco.
A escola, por sua vez, há muito não consegue motivar os estudantes e dar sentido às suas experiências educativas.
O resultado da equação é alarmante: atualmente, os jovens em idade de trabalhar encontram barreiras para conseguir e manter uma atividade remunerada. A juventude é, também, como vítima ou agressora, a principal protagonista da violência nos grandes centros urbanos. Além disso, enfrenta sérias dificuldades para concluir os estudos e ingressar na universidade.
Quase a metade dos desempregados do país é jovem (IBGE, 2007). Em média, os trabalhadores jovens ganham menos da metade do que ganham os adultos. (PNAD, 2006) .
A taxa de homicídios entre os jovens é duas vezes e meia maior do que entre os outros segmentos etários. Enquanto o número de assassinatos se manteve estável no restante da população, entre a juventude esse índice cresceu 81,6% nos últimos 22 anos (UNESCO, 2002).
Por essas e outras, é possível afirmar que os brasileiros jovens foram muito afetados pelo modelo econômico adotado nas últimas décadas, que aprofundou significativamente a exclusão social. A juventude ficou sem acesso aos serviços públicos básicos e não desfruta dos seus direitos mais fundamentais.
A cidadania para muitos jovens, por enquanto, ainda é uma cidadania incompleta.
Um olhar superficial sobre essa situação pode fazer pensar que a juventude é um problema. Esse tipo de visão resulta num tipo de política pública em que o jovem deve ser controlado nas suas manifestações e domesticado no seu comportamento. Ao contrário desta, porém, se fortalece cada vez mais uma outra visão: a de que a juventude pode contribuir para as soluções dos problemas. Para isso, o investimento nos jovens é essencial para o desenvolvimento do país.
Os jovens podem exercer uma influência positiva e determinante tanto sobre seus pais quanto sobre seus filhos. Nessa privilegiada posição intergeracional, a juventude é um elo entre o Brasil que temos e aquele que devemos construir.
Mais que promessa, é um dado de realidade: os jovens, em considerável proporção, estão interessados e ativos, desenvolvendo outras formas de engajamento por mudanças éticas, sociais, culturais, políticas e ambientais.
28,1% dos jovens participam de algum grupo (Ibase/Polis, 2005).
Para cada jovem engajado existem outros dez querendo participar de alguma atividade que gere benefícios para a sua comunidade.
Juntando quem faz e quem quer fazer, somam-se mais de 7 milhões de jovens. (Instituto Cidadania, 2003).
É claro, não se trata de idealizar nem de atribuir aos jovens um papel heróico, como se eles pudessem redimir a história e resolver todos os problemas. A juventude sozinha não vai transformar o país. Mas, ao mesmo tempo, é difícil imaginar qualquer transformação profunda sem a participação da juventude.

Entre preocupações e esperanças, uma coisa é certa: é preciso falar sobre juventude. Porque, por um lado, jovens precisam do Brasil. E, por outro, é o Brasil que precisa deles.
Documento Base da 1a. Conferência Nacional de Juventude
Autores: Antonio Lino, Alessandro de Leon, Carlos Odas, Edson Pistori, Jonas Valente, José Ricardo, Raquel Souza e Wagner Romão.