O debate sobre políticas públicas de juventude no Brasil avançou em pouco tempo. Mas ainda há muito por fazer. Este blog tem como objetivo resgatar parte desse acúmulo histórico e discutir as políticas públicas para a juventude.

Pra começo de conversa...levante sua bandeira!!!

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sexta-feira, 9 de maio de 2008

Porquê falar sobre juventude?

No Brasil, a juventude tem ganhado espaço na mídia, nas pesquisas acadêmicas e nos debates públicos principalmente nos últimos 15 anos. Uma das razões para essa recente visibilidade é que atualmente, segundo o IBGE, cerca de 50,5 milhões de brasileiros, um quarto da população do país, têm entre 15 e 29 anos. Esse grupo etário nunca foi (e nem será, desde que se mantenham as tendências demográficas) tão numeroso, em termos absolutos, como é hoje.
Essa "onda jovem" tem gerado, ao mesmo tempo, preocupação e esperança. A preocupação é porque o Estado não se preparou para receber adequadamente esse enorme contingente de jovens. A oferta de bens e serviços públicos é insuficiente para atender toda a demanda. O Ensino Médio ou o mercado de trabalho, por exemplo, ainda estão longe de atender a todos. Soma-se a isso o baixo conhecimento do poder público sobre a realidade juvenil, o que em muitos casos provoca um desencontro entre as demandas dos jovens e as políticas públicas.
Além disso, a família passa por transformações profundas. Por exemplo, jovens que assumem a chefia da casa, irmãos e irmãs que se incorporam à prole vinda de outros casamentos estão modificando as relações de convivência doméstica e parentesco.
A escola, por sua vez, há muito não consegue motivar os estudantes e dar sentido às suas experiências educativas.
O resultado da equação é alarmante: atualmente, os jovens em idade de trabalhar encontram barreiras para conseguir e manter uma atividade remunerada. A juventude é, também, como vítima ou agressora, a principal protagonista da violência nos grandes centros urbanos. Além disso, enfrenta sérias dificuldades para concluir os estudos e ingressar na universidade.
Quase a metade dos desempregados do país é jovem (IBGE, 2007). Em média, os trabalhadores jovens ganham menos da metade do que ganham os adultos. (PNAD, 2006) .
A taxa de homicídios entre os jovens é duas vezes e meia maior do que entre os outros segmentos etários. Enquanto o número de assassinatos se manteve estável no restante da população, entre a juventude esse índice cresceu 81,6% nos últimos 22 anos (UNESCO, 2002).
Por essas e outras, é possível afirmar que os brasileiros jovens foram muito afetados pelo modelo econômico adotado nas últimas décadas, que aprofundou significativamente a exclusão social. A juventude ficou sem acesso aos serviços públicos básicos e não desfruta dos seus direitos mais fundamentais.
A cidadania para muitos jovens, por enquanto, ainda é uma cidadania incompleta.
Um olhar superficial sobre essa situação pode fazer pensar que a juventude é um problema. Esse tipo de visão resulta num tipo de política pública em que o jovem deve ser controlado nas suas manifestações e domesticado no seu comportamento. Ao contrário desta, porém, se fortalece cada vez mais uma outra visão: a de que a juventude pode contribuir para as soluções dos problemas. Para isso, o investimento nos jovens é essencial para o desenvolvimento do país.
Os jovens podem exercer uma influência positiva e determinante tanto sobre seus pais quanto sobre seus filhos. Nessa privilegiada posição intergeracional, a juventude é um elo entre o Brasil que temos e aquele que devemos construir.
Mais que promessa, é um dado de realidade: os jovens, em considerável proporção, estão interessados e ativos, desenvolvendo outras formas de engajamento por mudanças éticas, sociais, culturais, políticas e ambientais.
28,1% dos jovens participam de algum grupo (Ibase/Polis, 2005).
Para cada jovem engajado existem outros dez querendo participar de alguma atividade que gere benefícios para a sua comunidade.
Juntando quem faz e quem quer fazer, somam-se mais de 7 milhões de jovens. (Instituto Cidadania, 2003).
É claro, não se trata de idealizar nem de atribuir aos jovens um papel heróico, como se eles pudessem redimir a história e resolver todos os problemas. A juventude sozinha não vai transformar o país. Mas, ao mesmo tempo, é difícil imaginar qualquer transformação profunda sem a participação da juventude.

Entre preocupações e esperanças, uma coisa é certa: é preciso falar sobre juventude. Porque, por um lado, jovens precisam do Brasil. E, por outro, é o Brasil que precisa deles.
Documento Base da 1a. Conferência Nacional de Juventude
Autores: Antonio Lino, Alessandro de Leon, Carlos Odas, Edson Pistori, Jonas Valente, José Ricardo, Raquel Souza e Wagner Romão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Apesar do maior espaço conquistado pela juventude nos anos recentes, o grupo ainda é ROTULADO por muitos como uma fase passageira e incerta. Por outro lado, certas visões negativas sobre os jovens vêm sendo SUPERADAS através do MOVIMENTO dos mesmos.
De acordo com o artigo, a população brasileira nunca foi tão jovem quanto agora. Este dado sem dúvidas faz com que as políticas públicas direcionadas ao setor cresçam ainda que, por FALTA DE PREPARO do governo, estas medidas sejam insuficientes. Em grande parte dos casos não possuem OBJETIVOS claros se configurando como medidas paliativas.
Sabe-se que a palavra OBJETIVO tem grande relevância na vida dos jovens. Logo, as políticas públicas para os jovens têm de ser também concentradas na importância desta palavra.